Essa Copa do Mundo nos reservou algumas surpresas, e com exceção da desastrosa campanha da Seleção cicerone, todas elas foram muito boas para a SP. Contaremos como foi, encerrando aqui um ciclo e abrindo outro em nossa casa.
Nessa noite de gala chegaram, direto da (...América do Sul...) Colômbia, um power trio meio hippie meio beat, e vieram de Tuk Tuk Bajaj. Sebastian López e Daniel Martinez deram o início a trip juntos com um Pitbull (que perderam no Perú) no ano passado. Na Argentina adotaram uma cadelinha abandonada, rebatizada de Maracanã. E em Curitiba agregaram a conterrânea Milena Uribe, que viera de avião trazendo peças e pneus para o triciclo que já fazia, nesse momento, o curso da volta, depois de um longo raid pela América espanhola. Mal entraram na capital e já foram direto para o Museu da Casa Brasileira, aonde os conhecemos de fato. Ficaram conosco até a primeira rodada da Copa. Estávamos em obras na nossa Sede, e ainda assim conseguiram se virar sem dificuldades. Curtiram a cidade, os Fifa Fun Fest's, os estádios, o centro, a juventude, a noite, o dia. Assim pareceu. Conseguimos pra eles uma reportagem no Okay Pessoal, programa apresentado pelo Otavio Mesquita no SBT. Venderam cartões postais da viagem, e assim mantiveram-se de pé por uns tempos. Antes da segunda rodada subiram para o Rio, e por lá se viraram acampando pela areia em meio aos seus. Agora, nesse exato momento eles estão em Minas Gerais, a caminho de casa. Assista-os com o Otávio Mesquita a partir das 12 minutos.
A Colômbia venceria a Grécia, depois a Costa do Marfim, se classificaria com um chocolate de "4 x 1" no Japão, e James Rodríguez se destacava para ser o Artilheiro da Copa.
Costumo dizer que o colombiano é o mais louco dos sul-americanos. Mais uma prova disso é a atitude da Elizabeth Benitez, que viaja, a um ano e meio, numa Star4 da LML. Nos conhecemos no Paraguai, ao final do ano passado, e desde então ela seguiu seus caminhos. Até que, numa tarde, no miolo da mês, ela me ligou, da Avenida Rebouças. Eliza veio pra Sede, aonde passou alguns dias, em meio às obras e mudanças na casa. Dado momento viajamos juntos para o Desafio de Motonetas, em Paulínia, aonde conheceu o Tatu e o Animal, que a levaram para a Sede do Motonetas Clássicas Campinas. Por lá ela teve carinho e boa companhia da família Albertini, que a ajudara mais tarde com as questões burocráticas na importação de peças de emergência vindas do seu país. Nesse momento sua motoneta está na Free Willy Moto Peças, a única oficina que de fato se dispôs a ajudá-la nessa difícil missão da volta pra casa, na mão de obra voluntária pela volta do motor morto causado por um gritante erro mecânico da autorizada nacional. Deixo aqui registrado o nosso descontentamento com a forma com que as autorizadas da LML do Brasil vem tratando os aventureiros da marca. Quase sempre esses "quatro tempistas" recorrem à nós e à Free Willy Moto Peças para socorrê-los em meio à uma aventura capaz de provar a eficiência (ou não) de suas motonetas - justamente aos "dois-tempistas". Eliza segue em viagens turísticas entre Rio e São Paulo até a motoneta voltar à vida. No momento ela conta com a força da mecânica (e invenção de peças) da Free Willy e da Tienda Motoneta, prestativa autorizada da LML na Colômbia.
A Colômbia mandaria o Uruguai de volta pra casa nas oitavas de final, mas faria as malas na semana seguinte contra o Brasil. Um desperdício, ter sido mais justo para nós e para eles a classificação às semi finais. Ou teria sido melhor ter visto o filme do Pelé mesmo.
Participou da nossa II Girata D'Inverno (edição de Embú das Artes), e também do passeio ao Pico do Jaraguá. Visitou a oficina Scooterboys, e realizou diversos reparos na Free Willy Moto Peças. Então subiu para o Rio, numa manhã de chuva, deixando todos os seus amigos e conhecidos preocupados. Nos escreviam da Argentina, do Paraguai e do Uruguai perguntando por ele enquanto estava por Copacabana, junto da imensa massa de torcedores hermanos que se jogava nas areias do acampamento à beira-mar. Sem sinal de wi-fi, sem preocupação com esse "detalhe", passou por lá mais de uma semana, até ver sua Seleção deixar escapar a taça do mundial. Voltou pela Rio-Santos, contemplando a beleza da orla paulista. Em São Sebastião conheceu Vespaparazzi e Túlio, com quem tivera algumas horas de prosa, acampando no mesmo lugar aonde passamos o nosso I Acampamento de Verão. Já em Santos passou quase uma semana, realizando reparos na motoneta e na máquina fotográfica. Dormiu em meio às ferramentas e motores no Empório Motoneta, conheceu a noite praiana junto ao Delacorte, e se divertiu com o nosso italiano predileto, o Luca. Ariel está agora com o Fernando Becker em Novo Hamburgo, trocando o pistão/cilindro, e deve seguir viagem no final de semana rumo à Punta del Diablo, norte do Uruguai, de onde veio, aonde é sócio de um hotel chamado El Índio.
Quando chegou em São Paulo a Argentina já tinha passado pela Bósnia, pelo Irã e pela Nigéria. A Copa esquentava.
O Koré e a Cris um dia nos contaram de um scooterista que conheceram na Autoclásica de San Izidro em 2012. Era o Pedro, que já estava a caminho da nossa cidade, e numa Lambretta argentina, a Siam. Era de Santos Lugares, da Grande Buenos Aires. Vinha numa tocada valente, determinado a assistir um jogo no Itaquerão. Porém sua Siambretta quebrou no caminho, lá no Rio Grande do Sul. Por sorte encontrou os Herdeiros do Passado, e o Vale dos Sinos SC, que tratou de consertá-la. Todavia o tempo era curto, e o nosso herói lambreteiro teve de subir de busão para São Paulo. E chegou na nossa Sede com um Fernet da casa. Foram dois ou três dias aqui, corridos, festivos. Considero essa foto a expressão da sua passagem em nossa casa, um ponto de encontro musical também. Nessas ele conheceu o Português (baterista do Sindicato Oi / ex-Garotos Podres), Adrian Fortino (baterista do do street-punk argentino Tango 14) e Tuca (poderoso chefão da The Firm Records). E a gente da casa, Diego Pontes e eu aos poucos mais borrachos. Tivemos pouco tempo com ele, o que foi uma pena. Também o suficiente para baterem nossos santos (São Paulo x Santos Lugares), e acordar a promessa de visitá-lo em sua oficina de restaurações no próximo ano, a Enrique el Antiguo. Seu trajeto RS-BA foi um sucesso, e Pedro já está em casa.
A Argentina mandaria a Suíça de volta pra casa nas oitavas, e a Bélgica nas quartas de final. Numa busca de mestre, Pedro conseguiu ingresso para o jogo, e viu sua seleção passar pela Holanda nos pênaltis. Que jogo!! Os hermanos passavam às semi-finais. E brigariam pela taça até o último minuto da Copa
A bordo de uma Vespa GT350 ele chegou, numa tarde em meio às obras da casa. Chris havia visitado 18 países, carregado de bagagens no sidecar. Sim, porque na Vespa ele levava exclusivamente uma bola e uma réplica da taça, desafiando pessoas em cobranças de pênaltis, e usando a motoneta de trave. Passamos um fim de semana inusitado. Sábado de breja, domingo de estrada e Desafio. Viajamos para Paulínia, aonde o Motonetas Clássicas Campinas promovia mais uma corrida da categoria. Elizabeth veio junto, decidida a seguir para Minas com o novo amigo europeu. Essa foi a primeira vez que viajei num sidecar, dentro de um. Chris é do oeste de Londres e pretende voltar pra lá de avião, levando junto o apoio da Unicef. Nesse momento está saindo do Estado de São Paulo rumo à Argentina. Na foto abaixo Chris Hallett em frente da nossa Saudosa Maloca, na Mooca, com a colombiana Elizabeth, e os pedreiros da SP: Assef, Cris Yummi, Fidelis, Diego, Vitor Hugo, Koré, Everton, Delacorte e Gabriel el Vesparock.
Também tivemos o prazer de receber alguns viajantes "a pé", turistas, torcedores, com os quais compartilhamos emoções e aventuras. Já na noite de abertura da exposição "Vespa, Um Ícone Italiano", conhecemos um vespista equatoriano, que sacou fotos conosco (e ainda não nos contactou); pelo que me lembro chamava José. Muito bem... na semana seguinte recebemos, numa reunião de batismo, a Mayra Garcia, diretamente da Colômbia. Integrante do Vespa Club Bogotá, estava de férias e passaria duas semanas no Brasil, parte desse tempo conosco, tendo participado da II Girata D'Inverno e reuniões da SP. Conheceu Ariel, com quem tivemos algumas cervejas, giros e boa prosa. E muitos outros. Recebemos, numa tarde qualquer a lambrettista norte-americana Melanie Eldridge, do Vulcan Scooter Club, um clube fundado nos anos 80, com filiais em diversos países, fincado nas raízes skinhead / scooterboy. Passamos uma hora também com o argentino Mariano Rubbio, membro do Vespa Club Córdoba, que trouxe um belo pacote de presentes para a SP. E... bem, além desses, que trouxeram algum objetivo diplomático/scooterista, conhecemos casualmente outros proprietários de motonetas, da Inglaterra, da Itália, do Chile e de Portugal.
Até ao final do ano passado sustentávamos a idéia de uma grande "Copa do Mundo em motonetas", ao algo dessa ousadia. Mas o tempo foi passando, as cabeças desalinhando, o dinheiro se esvaiu e decidimos recuar. Assistimos então a todos os jogos na rua da Sede mesmo, entre poucos de nós, sem alarmismo, sem brasilismo também. A cada jogo as obras andavam. Nessa Copa éramos mais pedreiros do que torcedores, e mais festeiros do que cicerones. O legal foi que tivemos, por dois meses, a inenarrável experiência de conviver com toda essa cultura que nos visitava, scooteristas e patriotas. E partindo desse princípio, para nós, essas pessoas foram os grandes nomes dessa Copa do Mundo no Brasil. Ficou a saudade, ficaram as fotos e as lembranças coladas no nosso mural. Para sempre no coração da SP.
A Colômbia venceria a Grécia, depois a Costa do Marfim, se classificaria com um chocolate de "4 x 1" no Japão, e James Rodríguez se destacava para ser o Artilheiro da Copa.
VESPAROLLIANDO EL SUR
Elizabeth Benitez (Colômbia)
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Chris Hallet, Fidelis e Elizabeth Benitez na Rod. Anhanguera |
A Colômbia mandaria o Uruguai de volta pra casa nas oitavas de final, mas faria as malas na semana seguinte contra o Brasil. Um desperdício, ter sido mais justo para nós e para eles a classificação às semi finais. Ou teria sido melhor ter visto o filme do Pelé mesmo.
EN VESPA A BRAZIL
Ariel Molfino (Argentina / Uruguai)
Estávamos na terceira rodada da Copa quando chegou por aqui um daqueles que chamamos de "dos nossos". Estradeiro, corajoso, borracho, 2 tempista, um romântico. A bordo de uma Vespa VB1 de 1957 com mecânica original de 150 cilindradas (e...três marchas), o membro dos Scooteristas Marginales atravessou dias chuvosos beirando o acostamento a 60 km/h. E veio, forte como um touro, valente como um leão. Num fim de tarde ligou pra mim lá da Consolação e Gabriel foi buscá-lo. Conosco passou muitos dias, tanto em nossa Sede em São Paulo, como com os nossos lá de Santos, Jacareí e São Sebastião. Ariel acompanhou os jogos da Argentina junto aos seus nas Fun Fest's de SP e RJ - e de RS antes disso. A cada jogo sua viagem parecia agregar mais sentido e motivos, a Argentina seguia bem rumo à Final. Com ele bebemos muitas geladas e mates quentes, rodamos cidades, aprendemos e compartilhamos de informações e idéias realmente motivadoras em termos de cena e identidade.Participou da nossa II Girata D'Inverno (edição de Embú das Artes), e também do passeio ao Pico do Jaraguá. Visitou a oficina Scooterboys, e realizou diversos reparos na Free Willy Moto Peças. Então subiu para o Rio, numa manhã de chuva, deixando todos os seus amigos e conhecidos preocupados. Nos escreviam da Argentina, do Paraguai e do Uruguai perguntando por ele enquanto estava por Copacabana, junto da imensa massa de torcedores hermanos que se jogava nas areias do acampamento à beira-mar. Sem sinal de wi-fi, sem preocupação com esse "detalhe", passou por lá mais de uma semana, até ver sua Seleção deixar escapar a taça do mundial. Voltou pela Rio-Santos, contemplando a beleza da orla paulista. Em São Sebastião conheceu Vespaparazzi e Túlio, com quem tivera algumas horas de prosa, acampando no mesmo lugar aonde passamos o nosso I Acampamento de Verão. Já em Santos passou quase uma semana, realizando reparos na motoneta e na máquina fotográfica. Dormiu em meio às ferramentas e motores no Empório Motoneta, conheceu a noite praiana junto ao Delacorte, e se divertiu com o nosso italiano predileto, o Luca. Ariel está agora com o Fernando Becker em Novo Hamburgo, trocando o pistão/cilindro, e deve seguir viagem no final de semana rumo à Punta del Diablo, norte do Uruguai, de onde veio, aonde é sócio de um hotel chamado El Índio.
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Luca Perucchi, Ariel Molfino e Gustavo Delacorte em Santos |
Quando chegou em São Paulo a Argentina já tinha passado pela Bósnia, pelo Irã e pela Nigéria. A Copa esquentava.
A SIAMBRETTA DA COPA
Pedro Alejandro (Argentina)
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Fidelis, Diego, Pedro Alejandro, Português, Adrian (Arg) e Tuca na Sede |
SCOOTER FOR GOALPOSTS
Chris Hallett (Inglaterra)
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E a taça da Copa chega na Mooca |
Já Chris não foi feliz. Digo, no futebol. Seu time seria eliminado ainda na chave classificatória, e perdendo para a Itália e o Uruguai, estacionaria na Costa Rica. E a única taça que a Inglaterra leva é a réplica do Sir.Hallett.
CARREIRA SOLO
Também tivemos o prazer de receber alguns viajantes "a pé", turistas, torcedores, com os quais compartilhamos emoções e aventuras. Já na noite de abertura da exposição "Vespa, Um Ícone Italiano", conhecemos um vespista equatoriano, que sacou fotos conosco (e ainda não nos contactou); pelo que me lembro chamava José. Muito bem... na semana seguinte recebemos, numa reunião de batismo, a Mayra Garcia, diretamente da Colômbia. Integrante do Vespa Club Bogotá, estava de férias e passaria duas semanas no Brasil, parte desse tempo conosco, tendo participado da II Girata D'Inverno e reuniões da SP. Conheceu Ariel, com quem tivemos algumas cervejas, giros e boa prosa. E muitos outros. Recebemos, numa tarde qualquer a lambrettista norte-americana Melanie Eldridge, do Vulcan Scooter Club, um clube fundado nos anos 80, com filiais em diversos países, fincado nas raízes skinhead / scooterboy. Passamos uma hora também com o argentino Mariano Rubbio, membro do Vespa Club Córdoba, que trouxe um belo pacote de presentes para a SP. E... bem, além desses, que trouxeram algum objetivo diplomático/scooterista, conhecemos casualmente outros proprietários de motonetas, da Inglaterra, da Itália, do Chile e de Portugal.
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Melanie (EUA), Much, Ariel, Mayra (COL) e Fidelis às margens do Ipiranga |
Até ao final do ano passado sustentávamos a idéia de uma grande "Copa do Mundo em motonetas", ao algo dessa ousadia. Mas o tempo foi passando, as cabeças desalinhando, o dinheiro se esvaiu e decidimos recuar. Assistimos então a todos os jogos na rua da Sede mesmo, entre poucos de nós, sem alarmismo, sem brasilismo também. A cada jogo as obras andavam. Nessa Copa éramos mais pedreiros do que torcedores, e mais festeiros do que cicerones. O legal foi que tivemos, por dois meses, a inenarrável experiência de conviver com toda essa cultura que nos visitava, scooteristas e patriotas. E partindo desse princípio, para nós, essas pessoas foram os grandes nomes dessa Copa do Mundo no Brasil. Ficou a saudade, ficaram as fotos e as lembranças coladas no nosso mural. Para sempre no coração da SP.
Relato por Marcio Fidelis
4 comentários:
No final das contas, foi a copa das copas mesmo! Não pelo evento esportivo em si, mas por ter agregado tantas histórias e tantos valores à cena que vivemos.
Parabéns por mais um relato sensacional, Sr. Mortadelis!!!
=D
La Scooteria fue um hotel 5 estrellas para um viajero como yo. Lo mejor de todo, es que no solo encontre um techo y uma ducha, encontre amigos, motonetas y cerveza!! que mas puede pedir um Marginal como yo?!
Desde la estrada los saludo, les agradezco y les digo hasta pronto!
Abrazo com olor a 2t y aliento etílico!!!
Molfi
UM DOS MELHORES RELATOS QUE JÁ LI. ATÉ QUE A COPA FOI MELHOR PARA UNS MESMO. PRECISO POR MINHA LAMBRETTA EM PÉ DE NOVO......
PJ LAMMY
Sem dúvida essa é uma das melhores postagens desse blog até agora. Porque com certeza outras melhores ainda virão!
URRA!
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