Considero esse ano como o mais tenso e intenso em termos de relacionamento no universo old scooter sul-americano. No Brasil especialmente foi nos paradoxos da vida virtual que muito aconteceu. Foi também um ano de grandes encontros, rupturas, viagens incríveis, patrocinadores de peso, aprendizado e superação. Mas como aqui o nosso negócio são com os fatos, é baseado neles que faremos a nossa retrospectiva dos eventos coletivos que "de fato" fizeram renascer das cinzas a Scooteria Paulista.
![]() |
V São Anivespaulo |
JANEIRO - "2013 começou treze". Escrevi isso no primeiro dia do ano quando levei minha Vespa "no braço" com pistão furado de Guarulhos até Jacareí. Duas semanas depois cai a bomba: um acidente em Vespa levou o nosso amigo-veterano sr.Luiz de Castro aos 81 anos. A quinta edição do SÃO ANIVESPAULO (Um giro pelas alturas da cidade) foi marcada pela homenagem em pano, e apesar das 70 motonetas reunidas, faltou uma. Na sequência levaríamos ao ar a quinta edição do "Ata no Ar", um programa da Rádio Motoneta, com presença do Mestrinelli e Reginaldo.
FEVEREIRO - O mês abriria com o IV Encontro Nacional na cidade, evento esse que reuniu ao todo quase 200 motonetas durante três dias, foi o SP EM VESPA E LAMBRETTA 2013, recorde histórico, que só seria superado um ano depois, pelo VI São Anivespaulo, também na capital. A Rádio Motoneta daria seus últimos suspiros nesse mês, com os programas "SP-2013" (ao vivo durante a abertura do Encontro Nacional), e "Especial Vespa Club Paraguay" (quando contamos com a presença de três membros).
MARÇO - A I Etapa do Desafio de Motonetas do ano aconteceria em Araraquara, seguido do II Passeio de Vespa e Lambretta em São Roque. O mês foi marcado também pela presença do colombiano Brandon Quintero entre nós em meio a sua viagem em Vespa pela América do Sul. Se daria a partir de março uma radical mudança de comportamento na base do grupo.
ABRIL - Na noite em que comemoraríamos 3 anos de Scooteria Paulista (21 de abril), eu Marcio Fidelis, reuni no bairro do Brás os que considerei meus conselheiros e propus a extinção da velha ideologia de "Rede do Scooterista Clássico do Estado de São Paulo", e a re-fundação da mesma como "Sociedade 2 Tempista". (A outra opção seria a livre-gestão do grupo sem a minha liderança, ambas negadas pelo Conselho). Foi uma decisão difícil e chocou a muitos, sobretudo aos menos próximos e mais fuinhas. Passaríamos por um longo processo de auto-análise e re-adaptação social.
MAIO - Entre pequenas reuniões e visitas a encontros de autos antigos, lançamos, ao final deste, o número #0 do Almanaque Motorino (La Muerte de La Scooteria Paulista). O fanzine foi uma novidade para a classe, feito ao estilo velha escola, nele começaríamos uma simbólica "campanha": sem ideologia o scooterista não existia. O lançamento foi na Barra Funda, na capital, numa festa especial do coletivo Soul, Suor e Sacanagem. Dias depois nos encontraríamos no XVIII Encontro Paulista de Autos Antigos de Águas de Lindóia, aonde tudo começou a ficar diferente: viagem noturna, acampamento, literatura a venda...
JUNHO - Faríamos outra viagem totalmente diferente dos costumes que nós mesmos tínhamos estabelecido a anos atrás. Dessa vez o objetivo era conhecer mais de Minas, sobretudo Ouro Fino. Três de nós fizemos uma nova rota enquanto outros dois chegariam direto de carango em Poços de Caldas. O destino era ela, a pré-inauguração da Taberna Old Time, num encontro de motos clássicas.
JULHO - Consideramos esse o nosso primeiro giro aberto da SP desde o Encontro Nacional: I Girata D'Inverno. Optando por pisar em ovos, decidimos sentir o clima primeiramente entre nós, então realizamos o evento em dois tempos: o primeiro fechado entre os membros pela cidade de São Paulo, e o segundo aberto, rumo à Paranapiacaba. A ideia foi um sucesso, recobrando o velho clima dos passeios de outrora, e contou com três dúzias de motonetas de várias cidades. Ainda nesse mês aconteceria o II Desafio de Motonetas, no Kartódromo de Paulínia. Ao final desse produtivo mês veio o Almanaque Motorino #1 (A Way of Life), no Bar do Peppe, no Tatuapé, com shows do Oskarface e Brazilian Cajuns. Aliás musicalmente podemos dizer que ambas fizeram a trilha sonora da SP nesse ano, com diversas festas, companheirismo e muitos brindes.
AGOSTO - No mês do cachorro louco invadimos a Áustria. Daniel Turiani e Gisele estiveram por dois dias com o Vespa Club Pinzgau e seu presidente Franz. Eles participaram de uma reunião administrativa do clube e fizeram dois giros nos arredores da cidade. Na sequência participaríamos oficialmente das comemorações dos 457 anos do bairro da Mooca - motivo maior: a SP nasceu aqui e a nossa Sede continua, numa legítima e saudosa maloca. Ao final do mês puxaríamos, junto com a Free Willy, um grande enxame de quase 40 motonetas rumo ao X Encontro de Lambrettas, Vespas e Motos Antigas de Jundiaí. Enquanto isso Luiz Lavos e Clausen viajavam pelo sul da Alemanha e visitaram a SIP Scootershop, participando do evento promocional da loja "SIP Shop Opening".
SETEMBRO - Nada de novo no Front. Nosso foco estaria nos preparativos da II Expedição Tropeira Brasil-Paraguay, do Raid de Marrocos e do MUNDIAL DE MOTONETAS 2014 (em São Paulo, durante a Copa do Mundo).
OUTUBRO - Koré e Cris fizeram uma rápida visita com Alvisi (Poços SC) à Autoclasica 2013, uma grande expo de veículos antigos em geral, em San Izidro, na Argentina. Na sequência lançaríamos novamente no Tatuapé o Almanaque Motorino #2 (Mi Corazón Late en 2T). Enquanto isso a equipe Barra Forte (Brazilian Team Vespa) realizaria uma incansável bateria de treinamentos para o Vespa Raid Maroc, que começaria no fim do mês. O fim do mês chegou e lá em Marrocos descobriram que as Vespas alugadas eram uma grande cilada, e todo o esforço deles findou num desapontamento sem tamanho. Uma das piores notas da SP para clube/grupo/entidade em 2013 infelizmente fica com a espanhola Desert Adventure, a organizadora do evento. Enquanto isso partíamos também para a II Expedição Tropeira Brasil-Paraguay, dessa vez patrocinados pela JWT, a quem "vendemos" o projeto como The Business Road Trip. Os personagens: Fidelis, Vespaparazzi, Hernán e Assef, com equipe de apoio. A rota compreendeu o Paraguay, Argentina e Brasil. Um encontro marcante, tanto quanto a nossa presença por lá.
NOVEMBRO - Continuidade do anterior, até quase a metade desse mês o assunto aqui seria internacional: Marrocos, Paraguay e Argentina.
DEZEMBRO - O mês começou com um IV RADUNO DA PRIMAVERA incrível em termos de comboio: 44 motonetas de diversas cidades numa manhã chuvosa rumo ao litoral. Só os bravos!! O evento foi diferente de todos os outros, ainda que faria paralelo com o primeiro lá no Guarujá, a marca deste em termos de comboio seria trágica: o primeiro acidente entre condutores. Nossos velhos planos de fazer valer uma formação de grupo voltaram à tona, e marcará o próximo ano. Na sequência participamos em peso da Confraternização da Free Willy, na cidade de Mairiporã. E findamos por vez este ano (que se fosse comum não seria 13) com a II NOITE DA MOTONETA, um giro pelas luzes paulistanas de Natal. Giro simples e que preparou os participantes para o futuro das formações urbanas de deslocamento.
SCOOTERIA PAULISTA
Sociedade 2 Tempista
Sociedade 2 Tempista
"Juntos vocês são invencíveis"
(Antonio Carlos Mattioli - Ribeirão Preto/SP).
2013 foi um ano tenso e cheio de "atravessos". O que lemos, escrevemos e vivemos ficou muito mais intenso, como se fosse a primeira vez que todos se reconheceriam como Classe. Alguns se separaram outros se aproximaram, e o deslocamento das placas tectônicas realmente aconteceu - (eu falei Assef... heheheh). O relacionamento virtual e a descoberta do que é possível (e do como), colocou todo mundo na estrada, nas ruas e na internet com mais frequência per-cáspita. A três anos atrás puxar um giro da capital para Jaguariúna era um parto, uma campanha que começava dois meses antes. Agora até os desenganados entraram pra moda e estão se divertindo com estilo. Todo mundo está botando a mão na massa por seus clubes ou egotrips. Mas estão fazendo, existe iniciativa. E para cada um existem muitas finalidades diferentes.
Da nossa parte 2013 se tornou um ano de resistência. Nos voltamos aos cuidados de nós mesmos, da história da Scooteria Paulista e os seus homens e mulheres. Vivemos um relativo isolamento, e claro que a boca brazuca manteve a tônica das indiretas e críticas voltadas à nós e à minha conduta a frente dela. (Mesmo quando estamos quietos). Queremos ser nós mesmos, queremos ser deixados em paz. Foi esse o motivo que nos tornou encouraçados nesse ano. Seguiremos no mesmo ritmo, o nosso. Saiba que estamos de olho vivo e da linha vermelha em diante a chapa esquenta. A pedana de uma motoneta não vai ser pra sempre um escudo da sua real personalidade, e não é pelo motor que você vai expressar pra sempre o que realmente é. Se todos querem ter uma longa vida, e fortalecer uma cena pela qualidade dos valores pessoais, apresente os seus, sem esse papo de união forçada ou "diga não à tarifa de busão". Que 2014 possa trazer de volta o purismo que tínhamos há pouco mais de um ano atrás, e que Grândola Vila Morena e We're Comming Back voltem a fazer sentido para a cena como um todo. Ou, não sendo assim, que seja para a nossa realidade aqui.
A cada um que fez valer o meu e o nosso voto no scooterista clássico, o nosso muito obrigado, vocês foram a frente dessa escola 2 Tempista.
-------------- Feliz 2014 --------------
Há um quê "lha de Lost" no ar. A cena está imersa na fumaça, uns não conseguem respirar e a cada palavra tosse e engasga, e outros não enxergam o que está a sua frente. Os motores estão quentes e quanto mais alta a aceleração mais os homens gritam para se fazer entender. Um pouco dessa fumaça o vento vai levar, e trazendo a brisa do mar, as águas vão rolar. Então desejamos a todos sabedoria e proteção. Que 2014 traga fraternidade e discernimento, paz e compreensão.
Marcio Fidelis
Presidente-Fundador