A Expedição Tropeira Brasil-Paraguay, depois de algumas intempéries chegou ao seu destino: Assunção, a capital do Paraguay. Eder Luiz e Walter Vespaparazzi agora darão início à volta pra casa:
Por Walter Vespaparazzi
Hotel Cassino
22 de Dezembro de 2012. Naquele hotel em Assunção acordamos às 8h e saímos rapidamente na companhia do Jorge Colman (vespista da Ciudad del Este), que nos levou para encontrar com o resto do grupo dele. Era quase 9h30 quando saímos, o Eder, eu, e quatro integrantes do Vespa Club Paraguay que nos acompanharia até a cidade de Emboscada. Até lá porque comenta-se entre os motociclistas brasileiros que nessa cidade a fiscalização policial é famosa pelo estranho rigor, a exemplo desse vídeo no Youtube. Na saída de Assunção a Vespa do Jorge Colman apresentou problemas e parou lá atrás. Seguimos então, o Eder e eu junto do Diego Lopez. Foram 50 kms de viagem. Passamos pela cidade de Emboscada e percebemos a simplicidade do povoado cortado no meio pela estrada. Alguns quilômetros depois a gente parou para nos despedir do Diego Lopez.
Diego Lopez e Eder Luiz |
Muito obrigado a ele e a toda hospitalidade do seu clube!! Então o Eder e eu
seguimos para um dia de ritmo forte. Passava das 10h da manhã e tínhamos pela
frente uns 500 quilômetros a serem rodados. O nosso objetivo era dormir em
Pedro Juan Caballero (PY), aonde éramos aguardados por dois moto-clubes. A
viagem foi tranquila, correu tudo normal, com abastecidas a cada 100 kms. Não
almoçamos para ganharmos tempo. O único momento para o descanso do motor eram as
paradas para abastecimento: 10 minutos no máximo. Nessa rota fomos abordados
por um casal paraguaio que pediu para que parássemos para uma foto. Na sequência encontramos um posto e abastecemos. Nesse mesmo lugar encontramos uma moto que chamava mais a
atenção do que a minha Vespa: uma Honda Bizz com cabine. Claro que o Vespão não podia sair sem fazer uma fotinha. Era mais ou menos 17h. Seguíamos na mesma média dos 80km/h. Quando começou a escurecer, o nosso
receio de rodar de noite eram com os animais na pista. A gente viu muitos
animais mortos por atropelamento durante essa rota, e por isso tínhamos medo de
sermos surpreendidos por um a noite. Aí finalmente às 21h encostamos no
primeiro posto de gasolina de Pedro Juan Caballero (PY). Lá fomos
surpreendidos por um dos integrantes do Moto-Clube Caballeros del Asfalto, que
veio nos saudar e nos oferecer ajuda. Ele se chama
Quico, e quando falei que estava a procura de Sabino e Ângela o motociclista então disse que era seu amigo. Foi aí que eles souberam que eu
era o Vespaparazzi, já esperado por Sabino e seu moto-clube. No mês de
novembro os nossos amigos jacareiense Bicudo e Claudir estiveram em Pedro Juan
e comunicaram aos motociclistas dali que estaríamos chegando em Vespa no mês de
dezembro. Eles ali do pedaço então já sabiam da gente. Eu disse para o Quico que estávamos com hospedagem gratuita oferecida a nós por
um motociclista paulista no Hotel Cassino Amambay. Os motociclistas então
deixaram seus endereços e telefones para que no dia seguinte procurássemos por eles. O Eder e eu então seguimos pro Hotel Cassino Amambay. Ao chegarmos no hall de entrada me
deparei com carros e choferes, com gente gran fina de alto nível e muito luxo,
aonde não me senti muito bem por estar sujo, suado, barbudo e cansado.
Entramos, nos apresentamos, e o nosso quarto já estava reservado de fato.
Tomamos o nosso banho, fizemos a barba e colocamos a nossa melhor roupa limpa
enquanto conversávamos. O Eder disse: “Ô Vespão, o teu amigo que nos ofereceu
essa hospedagem é show de bola, estamos no melhor que há na cidade”. Descemos
pro salão de jogos para termos a oportunidade de desfrutarmos pela primeira vez
de um Cassino, só que a diferença é que a nossa verba para apostas era só de 30
reais pra cada um. Jogamos, ganhamos e perdemos. Quando deu 23h30 fomos dormir. O dia foi o mais longo de toda a Expedição: 560 kms de giro.
Hotel Cassino Amambay |
Caballeros del Asfalto
Domingo, 23 de Dezembro de 2012.
Ao amanhecer fomos tomar o nosso café, um verdadeiro banquete oferecido aos
hóspedes. Não sabíamos por onde começar de tanta coisa que nos foi oferecida.
Depois fomos ligar as nossas Vespas. Foi quando notei que alguém havia sentado
nela durante a noite e nessas brincadeiras, quebrou o cabo do acelerador
(novamente). Após a substituição do cabo fomos ao encontro do Quico, do Moto
Clube Caballeros del Asfalto. Chegamos na oficina do moto-clube às 10h da manhã,
aonde foi feito um novo ajuste no acelerador, câmbio, embreagem, e aonde os
amigos nos ofereceram todo o apoio, ferramentas e peças que
precisássemos, e sem um custo. Após os ajustes eles nos levaram para uma
churrascaria, aonde também fizeram questão de pagar a nossa conta toda. Logo em
seguida nos levaram para um passeio no Shopping China. Lá eu comprei uma câmera
Go-Pro, pneus novos pra Vespa e algumas quinquilharias. O Eder comprou um rádio
para a sua Vespa. Na praça de alimentação chupamos muito sorvete paraguaio, tomamos
refrigerantes e na hora da conta novamente a turma do moto-clube não nos deixou
pagar um Guarani. Saindo de lá fomos para uma oficina de um outro integrante do
moto-clube, que em sua atividade profissional é instrutor de vôo, e que tem a
oficina para mexer em suas próprias motos, um hobby. Ali batemos um longo papo
regado a muitas cervezas. Sabino nos
convidou para que terminássemos a noite com um churrasco em sua residência. Lá
fomos recebido por ele e sua esposa, Ângela. Durante o churrasco muitos
motociclistas chegavam para nos desejar sorte, Feliz Natal, Feliz Ano Novo... e muitos nos
convidaram para ficarmos com eles na cidade por mais tempo. Ficamos nesse
churrasco até 1h da manhã, quando nos despedimos da turma e voltamos para o
Hotel Cassino Amambay.
Moto 1 Piezas y Accesorios |
Almoço com o Moto Clube Caballeros del Asfalto |
Churrasco no Sabino & Angela Moto Club |
De volta ao Brasil
Segunda-feira, 24 de Dezembro. Acordamos às 7h, tomamos o rico café de príncipe vespeiro e partimos com destino ao Brasil. Antes passamos na Aduana Paraguaya para a entrega das permissos já abastecemos as Vespas para garantir. Então entramos de volta no território brasileiro, pelo Estado do Mato Grosso do Sul, pela cidade de Ponta Porã. Após rodarmos cinco quilômetros fomos parados em uma barreira controlada pelo Exército Brasileiro, e lá deveríamos ser revistados. Porém nada disso aconteceu! Fizemos a nossa farra com os soldados, tiramos fotos com eles, e no fim das contas, não fomos nem sequer interrogados. Tocamos adiante por mais 70 kms até a próxima abastecida. Ao sairmos desse posto de combustível, notamos uma paisagem muito bonita, aonde resolvemos parar para uma foto. Após a foto, o Eder, que vinha na retaguarda, notou que o meu pneu traseiro começou a dar indícios de que estava se soltando. Paramos no acostamento e constatamos que o aro tinha rachado, e a câmera de ar estava saindo ainda cheia pela rachadura.
Aro quebrado |
Certamente se rodássemos mais um pouco essa
câmera iria furar e possivelmente eu teria caído com a Vespa no asfalto. Após a
substituição pelo step seguimos viagem por mais 60 kms, aonde fizemos nova
abastecida em Dourados e seguimos por Itaporã rumo à Nova Alvorada do Sul, aonde
soubemos de um acesso para a ponte do Estado de São Paulo. A
estrada era boa, sem muito movimento. Nesse meio tempo pegamos uma tempestade
com rajadas de vento muito forte. Paramos num posto para nos abrigarmos e pós
10 minutos a tempestade passou. Então seguimos viagem até Nova Alvorada do Sul.
Lá passamos pelo trevo de acesso, que não tinha combustível, e seguimos em
diante pela BR 267 cada vez mais rumo ao leste. E com a nossa gasolina se
esgotando começamos a ficar preocupados. Quando chegamos no posto seguinte a
notícia era triste: não havia energia elétrica, e portanto não tínhamos como
abastecer. O próximo posto estaria a 30 kms, mas nada garantiria que lá haveria
energia elétrica e gasolina. E com a sorte que Deus nos deu, fazia 5
minutos que a luz tinha se restabelecido, e nisso já era 18h. Com os tanques
cheios partimos satisfeitos. Mas uma nova preocupação assolava a nossa viagem. Rodamos
por mais uma hora e meia até que a noite caiu de vez. Notamos que no trajeto
percorrido pelo Estado de MS havia muitos animais mortos na rodovia, e eram dos
grandes: porcos, vacas, capivaras, cachorros do mato, minhas primas etc. Aí estava a nossa
preocupação com o anoitecer. Então com as informações que tiramos no último
Posto, havia uma Pousada na beira da estrada, a 180 kms da ponte de
Bataguassu. O objetivo era chegar lá.
Apesar do medo dos animais na pista, foi tudo tranquilo. Rodamos numa média de
60km/h a 70km/h até chegarmos na Pousada, às 22h. Saímos para um lanche no trailer
ao lado, ligamos pra casa e fomos descansar. Essa foi a nossa noite de Natal:
dormindo para tirar o cansaço pois ainda tínhamos mais dois dias de viagem. Nesse dia rodamos 350 quilômetros sob um forte sol.
Exército Brasileiro na Fronteira do MS |
Eder contemplando a natureza na BR-267 |
Vespaparazzi no trevo para SP |
De volta pra minha terra
25 de Dezembro de 2012. Saímos
por volta das 7h da manhã com destino à Bataguassú a última cidade
mato-grossense. Foram 180 kms de viagem tranquila, mas já com a estrada mais
agitada e com mais caminhões. Abastecemos rapidamente e tocamos ligeiro. Em
torno das 10h30 da manhã já estávamos na ponte da divisa entre os Estados do
Mato Grosso do Sul e São Paulo. Abastecemos em Bataguassu e cruzamos a ponte. São
3600 metros de travessia sobre o Rio Paraná. No fim da ponte já havia uma
cidade: Presidente Epitácio. Ali mesmo pegamos a Rodovia Raposo Tavares sob
muito sol. Tínhamos que fazer uma parada a cada vinte minutos porque o
companheiro Eder estava sentindo muito sono em cima de sua Vespa. Abastecemos
em Presidente Prudente, mas não entramos em nenhuma das cidades pelo caminho
pois a Raposo Tavares corta elas por fora. Paramos novamente em
Regente Feijó para mais uma abastecida por garantia, e outra sessão de fotos.
Noite de Natal |
Eder continuava sentindo muito sono e chegou a deitar no gramado, às margens da
rodovia, e mesmo com o capacete tirou uma soneca rápida. Às 16h seguimos
viagem, passando por Maracaí, Assis e Ourinhos, e lá pegamos a Rodovia do
Açúcar para acessarmos a Castelo Branco. Só que as 18h30 paramos em Santa Cruz
do Rio Pardo para um lanche, e por lá ficamos. Localizamos o Hotel Central,
aonde passamos a noite por um precinho camarada de 35 Reais (com cocheira e café
da manhã). Eder foi dormir cedo. Eu resolvi descer e na porta do hotel
conheci um hóspede com o carro quebrado em plena noite do dia 25 de Natal.
Conversamos até tarde. Nesse dia a gente rodou 450 quilômetros debaixo de muito sol.
Rio Paraná: Voltando pra SP |
Olha a mão-boba |
A chegada
26 de Dezembro de 2012. Acordamos
às 6h da manhã, amarramos a bagagem nas Vespas e tomamos um café da manhã que
foi preparado pra gente um pouco mais cedo pra gente poder sair logo pra estrada.
Saímos às 7h pra Rodovia do Açúcar e de lá entramos na Rodovia Castelo Branco.
Eder continuava sentido o cansaço da viagem e sentia muito sono. Fizemos algumas
paradas com intervalos de 20 minutos então para espantar a sonolência do parceiro. Na
primeira descida de serra, na Castelo Branco, deixando a minha Vespa
descendo em retrocesso o motor travou. Demos uma parada no acostamento para esfriar. E
após cinco minutos ali bati no pedal e novamente ela deu sinal de vida, para a nossa alegria. Diminuí um pouco o ritmo da viagem por
precaução, para a média dos 70 km/h. Porém após alguns quilômetros, vendo que
tudo estava normal, comecei a acelerar um pouco mais, e chegando próximo a
Boituva novamente o motor deu indícios de que iria travar. Como havia um posto
de gasolina logo a frente aproveitamos para ver se o Nextel funcionava, e assim entramos em contato com o Fidelis, que se prepararia para nos
encontrar em São Paulo. Faltava agora 130 kms para São Paulo, e 200 kms até em casa,
e o sono do Eder persistia. Era 14h30 ou um pouco mais. Pensávamos que
tomaríamos uma última chuva, mas o vento levou a nuvem preta para bem longe. Aí
começamos a esticar de novo para os 80km/h, até que aos poucos o trânsito
ficava mais intenso e São Paulo ficava mais perto. Em Barueri, no
começo da região metropolitana, tivemos que fazer uma parada às margens da
Castelo Branco pois o meu cabo do acelerador havia se soltado. O reparo e um
último cigarro levou quase meia-hora. Então chamamos novamente o Fidelis no
rádio e marcamos o local aonde nos encontraríamos: no posto Ipiranga logo após
o Canindé, o Estádio da Portuguesa, na
Marginal Tietê. Pegamos a Marginal e com as novas normas de trânsito da pista,
que proíbe o tráfego de motocicletas pela pista expressa, nos confundimos e
entramos na pista de acesso para a Rodovia Anhanguera. Fizemos o retorno na
Anhanguera e voltamos para a Marginal. Logo depois a gente se encontrou com o
Fidelis, que vinha de Vespa, trazendo as saudações presidenciais. Bebemos um refrigerante e conversamos por quase meia-hora. Fidelis queria saber de tudo o que tínhamos vivido pois a última vez que conversamos foi quando ligamos pra ele de Foz do Iguaçú. Dali partimos às 17h30 para a Rodovia Ayrton
Senna, com destino à Jacareí: lar-doce-lar. A ansiedade era grande mas o nosso
amigo Eder ainda pediu para fazermos mais uma parada próximo à Mogi das Cruzes,
pois estava com sono. De volta à estrada, mais alguns quilômetros à frente
avistamos a placa aonde dizia que já estávamos praticamente lá. Paramos para
uma foto final e o abraço de missão cumprida entre eu e o meu fiel amigo de estrada:
Eder Luiz. Fizemos nesse último dia 430 quilômetros de viagem. Chegando em casa a alegria foi total!!! Um abraço e um beijo na
esposa, na filha caçula, no neto, e um beijo na minha querida Vespa.
Eder: sono na viagem |
Vespaparazzi, Fidelis e Eder em São Paulo |
Chegando em Jacareí: lar-doce-lar |
A primeira Expedição da Scooteria Paulista para o Paraguay levou com eles os seguintes patrocínadores:
Mattioli Lambrevespa (Ribeirão Preto/SP)
Omni Financeira (de São José dos Campos/SP)
Amambay Hotel Cassino (Pedro Juan Caballero/Paraguay)
Missão comprida cumprida!!
3 comentários:
Todas as fotos pela máquina do Walter Vespaparazzi - www.vespaparazzi.com.br
ANIMAL!! ESSA DUPLA É DEMAIS. PARABÉNS PROS DOIS AVENTUREIROS QUE ENCARARAM ESSE MUNDÃO SEM FIM. AS FOTOS ESTÃO MUITO BOAS E O TESTO TAMBEM.
PJ LAMMY
Ahhhhhhhh Cruzei com eles + ou - em Presidente Prudente na Raposo....estava indo p/ Dourados.....e eles já voltando.....no dia 25 de Dez.
Muito Classe!!!!
Rolê D+!!!!!
Pena que eu estava de Carro.
abs
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